“FUNÇÕES E PAPÉIS DA TECNOLOGIA” - Comentários
Esse texto inicia afirmando que a tecnologia pode gerar
inúmeros benefícios para o trabalho pedagógico, desde que os professores
dominem os aspectos relacionados a esta tecnologia. No entanto, o objetivo
central do texto não é simplesmente abordar questões pedagógicas relacionadas
às tecnologias da informação, mas sim discutir como a tecnologia pode auxiliar
a gestão e a coordenação da escola.
Para tanto, inicia fazendo uma distinção entre “dados”,
“informações” e “conhecimentos”.
Define que os dados
são meros registros de um conjunto de fatos, mas não apresentam inferências,
correlações, causas, consequências, previsões. Assim, não são elementos que
isoladamente permitam uma tomada de decisão, por exemplo, relacionada a
questões pedagógicas.
Já as informações
são organizadas em documentos objetivando a transmissão de uma mensagem que
interferira no receptor. Portanto, deve ser apresentada de forma a apresentar
claramente a finalidade de se conhecer os dados. Além disso, deve ser
categorizada – para apresentar unidades de análise -, apresentar cálculos –
para permitir uma análise de tipo estatística e deve ser confiável e concisa.
Os computares e seus sistemas podem ser ótimos
instrumentos para registrar dados e auxiliar na transformação deles em
informações. Mas, não podem produzir conhecimento,
pois este é um aspecto humano. O conhecimento deve ser vivido e avaliado. Para
tanto os seres humanos que recebem as informações interferem no próprio
conhecimento por meio de comparações, de análises prévias das consequências de
certas decisões. Fazem isso por meio de correlações entre conhecimentos e
experiências obtidos, bem como por meio de interações com outros humanos. Portanto,
um novo conhecimento só existe se for dentro de um contexto de interação
individual e coletiva entre os seres humanos.
No texto em análise ainda é apresentada outra forma de
produzir conhecimento organizacional, que é o estudo da rotina e de suas
alterações. Trata-se de verificar as consequências de modificações na estrutura
e no perfil das pessoas de uma organização. No caso, organização escolar.
Se concordarmos que as tecnologias podem ajudar na gestão
escolar administrativa e pedagogicamente, devemos cuidar para que o
conhecimento seja gerado e, como tal, compartilhado. Esse compartilhamento
também pode ser mediado por tecnologias de computação e de comunicação, ou
seja, em um ambiente informatizado.
Para tanto, é fundamental que o ambiente seja planejado
para organizar informações verdadeiramente relevantes. Com a opção de implantar
novas estruturas de sistemas relacionados ao uso de tecnologias de informação e
de comunicação, recomenda-se que essa implantação seja gradativa. Ou seja, em
projetos-piloto que atuem em frentes tecnológicas, mas também na própria
cultura organizacional, buscando o envolvimento de lideranças e ao mesmo tempo cuidando
de aspectos conflituosos e problemáticos que podem suscitar rejeições.
Esse trabalho deve contemplar momentos de troca de
experiências ente professores e demais servidores. Lembremo-nos de que a escola
é um sistema onde circula a informação. Por isso deve ser pensada como um todo.
Nela deve ser facilitada constituição de grupos que aprendam juntos e que
produzam resultados pessoais. Por isso, deve-se favorecer uma estrutura menos
hierárquica e mais auto-organizada.
Isso deixa clara a necessidade de estudo e de planejamento
para a implementação de novas tecnologias na gestão escolar. Nesse planejamento,
é fundamental estruturar a essa ação em fases, para que a implantação seja exitosa
e bem aceita.
Na primeira fase deve-se considerar o Contexto de TI. Já nesta fase devem se
ter claros os objetivos, ter um comprometimento de lideranças e um conhecimento
geral das atividades que o sistema de TI será utilizado.
A segunda fase trata do Desenho do sistema. Nesse desenho consideram-se os objetivos, como
a rotina será facilitada e como os usuários dominarão o sistema.
Por fim, a terceira fase, que trata da Instalação do Sistema. Deve ser
implementada de forma que opere de acordo com os objetivos, como uma boa
aceitação pelos usuários, que, por sua vez, dominem o bem.
Concluindo, o autor recomenda uma atenção para o fato de
que a produção de informações é consequência de uma intenção de quem produz,
organiza e interage com as informações. Portanto,
a cultura organizacional aceita, rejeita ou incorpora tais informações. Por
isso, é ressaltada a importância de definir quais as informações são relevantes, identificar e os dados
relevantes para aquelas informações. Somente depois disso é que se pode pensar na
tecnologia utilizada para obter essas informações e os seus resultados. Esses
resultados deverão se ser racionados aos objetivos da escola e suas
expectativas.
Uma das maiores virtudes deste texto é trazer à lume o
uso das tecnologias da informação na escola de modo integrado. Não trata de
como usar a tecnologia em sala de aula, muito embora isso seja relevante.
Avança e propõe uma integração dessa tecnologia para produzir conhecimentos que
verdadeiramente ajudem na tomada de decisões. Sabemos que grandes corporações
usam uma estrutura tecnológica para funcionar melhor, para ter mais lucro.
Porque não utilizar esses recursos nas escolas públicas? Nelas cuidamos de algo
mais importantes que a geração direta de riquezas ou bens tangíveis. Cuidamos
da formação de nossa sociedade.
Complementado as informações acima
para apresentar uma análise crítica do texto, reescrevo abaixo uma postagem que
fiz no fórum desta disciplina.
Quando associamos as TIC à gestão escolar, logo imaginamos como o
computado pode ser usado na gestão das informações administrativas de da
secretaria da escola. Esquecemos que, segundo Moran (2002), o “administrativo
deve estar a serviço do pedagógico e que ambos devem estar integrados”).
Dessa forma a formação dos gestores escolares – não somente dos diretores das
escolas – deve contemplar um entendimento de que o administrativo e a
secretaria da escola necessitam de usar as modernas tecnologias. Mas também
isso é necessário para o pedagógico, e devem estar integrados. Imagina o
absurdo de usarmos um diário eletrônico, imprimir e entregar para a secretaria
digitar novamente os dados!
Hoje
existem recursos de gestão tecnológica e pedagógica, como o Moodle, que
possibilitam uma gestão administrativa e pedagógica integradas, permitindo o
uso de chats, vídeos etc., bem como o lançamento de notas pelo próprio
professor, acesso online pelos alunos e pais etc. É um erro pensar que esses
recursos dever ser usados somente na EAD. Cito o Moodle apenas como exemplo.
Provavelmente ele não é parrudo o suficiente para redes grandes como as das
Secretarias Estaduais da Educação, que muitas vezes tem bancos de dados pouco
integrados e de intrincado acesso.
Com a afirmação acima, deixo claro a importância de uma formação docente em
TIC. Não basta pensarmos em uma formação simplesmente para o uso das
tecnologias voltadas para os aspectos administrativos. Sim, isso é importante e
fundamental. Mas, a nossa missão é pedagógica. Porque excluir esse aspecto? Ao
contrário, deve ser integrado.
Sabemos que as escolas públicas usam muito pouco as TIC. Sobre as questões que
influencia essa pouca integração
tecnológica, gostaria de fazer uma lista com minha experiência em laboratório
de informática e em cursos utilizando EAD.
·
As secretarias de Educação não são plenamente informatizadas. No
máximo a secretaria escolas digita e redigida dados, que poucas vezes geram
informações.
·
Os professores não se enxergam usando as TIC. Acham que é coisa de
outro tempo. Não gostam de computador.
·
As escolas não têm equipamentos suficientes e em bom estado para
uso dos professores e alunos. Muitas não têm conexão de internet de alta
velocidade.
·
Os laboratórios de informática - quando existem - não têm
professor.
·
Não há previsão no Currículo e na Proposta Pedagógica, no
planejamento pedagógico para o uso das TIC. Assim, quando são usadas apenas
como um pequeno enriquecimento, caso haja tempo.
·
Não se mostram para os alunos como usar a Internet como fonte de
aprendizagem. Apenas para cópia.
Nosso caminho é longo.
Mas, toda caminhada começa com o primeiro paço.
BIBLIOGRAFIA
VIEIRA, Alexandre Thomaz. As funções e papéis da tecnologia. In ALONSO,
Myrtes; ALMEIDA, Maria Elizabeth B. de; MASETTO, Marcos Tarciso; MORAN, José
Manuel; VIEIRA, Alexandre Thomaz. Formação de gestores escolares para
utilização de tecnologias de informação e comunicação. Brasília: Secretaria de Educação a
Distância, 2002b. pp. 35-40.
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